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Em tempos de pandemia, a ciência está nos indicando que o distanciamento social é a melhor forma de proteção. Como a população não consegue respeitar essa recomendação, ficar em casa, em isolamento social, tem sido a saída viável. Nota-se, claramente, a falta de (cons)ciência e sobra de prepotência. Só reforçando: quem precisa sair para trabalhar, por favor, não esqueça das medidas de proteção.
Para quem tem o privilégio de estar no conforto da sua morada, e já organizou tudo que estava fora do lugar, abuse das alternativas de devorar livros, assistir filmes, documentários e séries. Confesso que não sou adepta aos exercícios físicos, nem mesmo em tempos de normalidade. Mas, quem consegue ter essa disciplina no seu espaço particular, parabéns!
A internet tem se mostrado como a opção mais acessível. Serve inclusive para encomendar uma refeição ou assistir uma boa receita e se aventurar na cozinha. Trabalhar no estilo home office também tem trazido bons resultados. Eu, como professora, tento inovar nas aulas online para que os acadêmicos consigam se conectar aos conteúdos e não se cansem. A casa virou quase um cenário de filme. Vamos girando a câmera para que a paisagem vá se modificando, principalmente focando as prateleiras cheias de livros, última moda nesses tempos de retiro. A única coisa que praticamente não altera é a pantufa nos pés, afinal, gravamos do pescoço para cima, o que facilita muito.
Sobre o trabalho remoto, o que posso dizer é que é cansativo. Dias antes da atividade prevista, já estamos encaminhando ferramentas para complementar o conteúdo que será ministrado. Na hora da aula estamos lá, de prontidão, para explicar o tema e estar aberta aos questionamentos. A tensão que a conexão caia, que a plataforma escolhida funcione e que todos tenham acesso resultam, inevitavelmente, nas constantes dores de cabeça. Mas é fundamental nos colocarmos no lugar desses acadêmicos que nos assistem, pois também enfrentam diferentes dificuldades nesse processo.
Passamos os dias (e noites) estudando e pensando na produção de insumos que possam interessar nossos discentes. Tudo isso somado às inúmeras bancas de trabalhos, orientações, escrita e correções de artigos, projetos, reuniões entre outras tantas atividades acadêmicas. Recebemos constantemente sugestões de leituras, links e lives para atualização. Sites com edital para fomento de pesquisa exigem concentração. Pipocam dicas de cursos gratuitos para aproveitarmos esse tempo que estamos "paradas". Mas quem ficou parada?
Além de nos proteger da Covid-19, precisamos cuidar da ansiedade, do desgaste emocional, da insônia e tantos outros efeitos nesses tempos difíceis. Buscar paciência, todos os dias e conseguir fôlego para dizer que tudo vai ficar bem é questão de sobrevivência.
Vale (quase) tudo para manter um nível razoável de saúde mental, menos perambular por aí como se nada estivesse acontecendo. As raras vezes que coloco meus pés na rua percebo, muitas vezes, um tom de descaso no ar. Diversas pessoas com a máscara no queixo e outras que sequer fazem uso dela. Outro dia, a fruteira que atendia com tele-entrega começou a abusar nos preços e resolvi ir diretamente a um mercadinho, visando fortalecer o comércio local. A dona do estabelecimento, sem máscara, se aproximou de mim para entender o que eu havia dito, pois considerou que minha voz estava abafada.
Olhei ao redor e mais três funcionários desse pequeno espaço também não usavam proteção. Ouviram claramente quando eu disse que não havia condições de comprar ali, pois não estavam sequer cuidando deles, que dirá dos clientes. Não está fácil manter a serenidade, principalmente com quem continua achando que é uma gripezinha! Tenha a santa paciência! Ao menos na cidade universitária, continue dando valor (prá)ciência.